SEC dialoga com comunidade sobre criação de colégio de Educação Quilombola, em Feira de Santana

Palavras-chave:

 

Fotos: Divulgação

O distrito de Matinha dos Pretos, a 15 quilômetros da Feira de Santana, vivenciou, na terça-feira (24), um dia dedicado ao diálogo sobre a criação do colégio estadual voltado à Educação Quilombola. Naquele território, foi realizado o I Seminário de Educação Escolar Quilombola, do qual participaram as 16 comunidades pertencentes ao local e pessoas de quilombos circunvizinhos. O encontro teve como objetivo a explanação das ações da Secretaria da Educação do Estado (SEC) relacionadas à conquista da implementação das Diretrizes Curriculares da Educação Escolar Quilombola na Bahia.

A construção de uma escola quilombola na comunidade de Matinha dos Pretos foi anunciada há pouco mais de um mês pelo governador Jerônimo Rodrigues e pela secretária estadual da Educação, Rowenna Brito, como destacou a diretora de Educação dos Povos e Comunidades Tradicionais, Poliana Reis. “E essa unidade já nasce quilombola na sua estrutura e na concepção. Hoje, discutimos sobre currículo específico, formação específica dos profissionais da Educação; função territorial da escola quilombola; saberes tradicionais; juventude; e tecnologia. Saímos todos e todas – SEC, UFRB e FEQ (Fórum Permanente de Educação Escolar Quilombola – encaminhamentos e tarefas. Dessa forma, estamos garantindo o princípio da gestão democrática e do controle social”, detalhou.

Certificado como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares, o Quilombo Matinha dos Pretos surgiu a partir da fuga de escravizados da Fazenda Candeal, em Feira de Santana, para a mata pequena, densa e fechada. Essa comunidade negra e rural, com três mil habitante, vivenciou uma experiência de resistência à escravização, possibilitando o surgimento de um quilombo histórico. É desse lugar, onde vive, que Francisca das Virgens Fonseca falou sobre o seminário. “Foi muito positiva a ideia de construirmos coletivamente um novo caminho para a educação escolar quilombola, sobretudo para a valorização dos saberes territoriais. Foi um momento de troca, de acolhimento, de proposição. Tivemos uma participação muito bem qualificada, tanto da equipe que veio fazer a proposta, quanto dos participantes, membros da comunidade”, avaliou.

Também da comunidade de Matinha dos Pretos, Maria das Neves comentou sobre a importância do seminário para a comunidade. “Foi de grande valia, muito interessante, importante e gratificante não só para Matinha, mas para os outros quilombos já certificados aqui, no distrito, porque o que esperamos é que tenhamos um colégio estadual que venha buscar uma educação diferenciada para nós, quilombolas. O que queremos é que o ensino dessa escola possa respeitar os nossos saberes e costumes e trazer para nós, nossas crianças e nossos jovens o viver em quilombo. Para isso, é necessário que construamos o político pedagógico e este encontro já foi o início para colocarmos no papel o que queremos para a nossa comunidade quilombola”.

A presidente da Associação Comunitária de Matinha, Jeane das Virgens Almeida, considerou que o seminário foi mais uma ação, na comunidade, com o intuito de dialogar sobre a educação escolar quilombola. “É que a gente já vem de discussões anteriores na busca da construção do colégio estadual que nos represente, que leva em consideração nossa identidade, nossas vivências. E esse encontro veio para fortalecer as discussões, que já vêm acontecendo no distrito de Matinha. Foi um dia muito importante, em que a gente conseguiu projetar novos encaminhamentos, novas ações, novos passos necessários para que se construa uma escola estadual que atenda os nossos anseios, as nossas demandas e que respeite e leve em consideração nossas experiências, vivências, que respeite a nossa identidade e que nos proporcione tanto o aprendizado que nos foi negado, como o aprendizado das nossas vivências”.

Na pauta do I Seminário de Educação Escolar Quilombola foi incluída a apresentação da Diretoria de Educação Para Povos e Comunidades Tradicionais (DEP) e da Coordenação de Educação Escolar Quilombola (CEEQ). Marcaram presença, no encontro, técnicos da SEC, membros do Fórum Estadual de Educação Escolar Quilombola e representantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

 

Notícias Relacionadas